Uma nova reunião entre representantes do Ministério Público, Conselho Superior de Ensino Pesquisa e Extensão (Consepe) e da coordenadoria do Curso de Letras-Libras, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) será realizada nesta terça-feira (27), para discutir sobre a anulação de um dos processos seletivos da UFPB.
Na reunião, com início previsto para às 14h30, na sede da Promotoria da Educação, em João Pessoa, na Paraíba, será debatida a possibilidade de anulação do processo seletivo para o ingresso no Curso de Licenciatura em Letras/Libras da UFPB.
Segundo informações oficiais, entidades representantes de pessoas com deficiência solicitaram a anulação alegando que os candidatos com deficiência auditiva concorreram de forma desigual aos demais candidatos, uma vez que os tradutores de Libras (língua brasileira de sinais) foram impedidos de atuar durante a aplicação das provas.
Diante da reclamação que foi formulada pela Associação Evangélica de Pessoas com Deficiência da Paraíba, a promotora da Educação Vasti Cléa Marinho Lopes realizou uma audiência pública com representantes das entidades e com o coordenador da Comissão Permanente do Vestibular (órgão responsável pela elaboração e aplicação das provas), professor João Lins, para buscar uma solução para o problema.
Os candidatos surdos que se submeteram às provas relataram que os intérpretes foram impedidos pelos fiscais de traduzirem a prova do português para a língua de sinais, limitando-se a informar o horário do início e do término das provas.
A diretora do Sistema Universal Verbotonal da Audição Guberina, Suvag/UFPB, Benedita Dutra, explicou que os deficientes auditivos têm como língua o sistema de Libras e não entendem bem o português, tendo em vista determinadas palavras não estarem no convívio do vocabulário. Benedita disse que era necessário que alguém lesse o cabeçalho das questões e que os tradutores fizessem a tradução para a Libra.
O presidente da Associação Evangélica de Pessoas com Deficiência, Hoverdiano da Silva, também se submeteu às provas e relatou que vários candidatos com deficiência auditiva ficaram nervosos quando se depararam com a proibição dos tradutores atuarem. “Existiam palavras que eles não entendiam e precisavam que fossem traduzidas”, disse. Os representantes das entidades que defendem os surdos pediram que as provas fossem elaboradas já em Libras.
A assessora jurídica da Funad, Ingrid Gomes Carvalho, disse que o edital do vestibular foi descumprido, pois os intérpretes não fizeram qualquer tipo de assessoramento às pessoas surdas, ferindo assim o princípio da igualdade. “Diante dessa situação, queremos a anulação do concurso, pois a falta de comunicação entre a Coperve e a UFPB quanto ao papel do intérprete quando da realização das provas não pode prejudicar os surdos”, declarou.
O coordenador da Coperve, João Lins, explicou que recebeu do Consepe (Conselho Superior de Ensino Pesquisa e Extensão) as normas sobre o vestibular para o curso de Licenciatura em Letras/Libras, tendo sido a prova toda elaborada na língua portuguesa. João Lins admitiu que a Coperve orientou os fiscais que os intérpretes de Libras não deveriam ingressar no conteúdo das questões das provas, limitando-se apenas “a dar orientações gerais sobre a execução das provas, como: tempo disponível, horário de entrada e de saída”.
Da redação do Portal Correio com ascom MPPB
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