Terça, 01 de Junho de 2010 09h29
Josie Jeronimo, do Correio Braziliense
As irmãs Kátia da Conceição Bicalho e Mônica da Conceição Bicalho admitiram em depoimento concedido ontem à Polícia Legislativa do Senado que tinham posse do cartão da conta salário e recebiam os vencimentos das supostas funcionárias fantasmas do gabinete do senador Efraim Morais (DEM-PB) Kelly Janaína Nascimento da Silva e Kelriany Nascimento da Silva.
Depois de quase 12 horas de depoimento, Kátia e Mônica alegaram que “confiscavam” o salário das estudantes (R$ 3.800 de Kelly e R$ 1.400 da irmã) para abater supostas dívidas que as funcionárias fantasmas teriam contraído com a família Bicalho.
“A Kátia ficava com o cartão da conta. As duas deviam dinheiro a ela”, afirmou o advogado Cleber Lopes. Levando em conta os 13 meses de “retenção”, o abatimento da dívida ultrapassaria R$ 66 mil. Mônica e Kátia, segundo o diretor da Polícia Legislativa, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, confirmaram que repassavam R$ 100 mensais a Kelly e Kelriany. As estudantes sustentam que não deviam nada.
Kátia e Mônica saíram pela garagem privativa do Senado, no carro do advogado, sem dar declarações. Apesar de o espaço não ser aberto para motoristas que não prestam serviços aos gabinetes dos senadores, o advogado conseguiu estacionar na garagem privativa e evitar que Kátia e Mônica sofressem assédio da imprensa.
De acordo com o advogado das depoentes, a utilização do contínuo Gilberto Rocha da Mota como procurador de Kelly e Kelriany ocorreu porque “Sobradinho é longe”. A cidade-satélite fica a 22 quilômetros do centro de Brasília. “É uma conveniência que elas estabeleceram. Entre parecer estranho e ser um crime, há uma diferença enorme”, sustentou o advogado.
Grafotécnico
Lopes afirmou que Kátia, detentora da procuração dada por Kelly e Kelriany para movimentar a conta salário, também “era ligada” ao gabinete de Efraim. Kátia era funcionária terceirizada da empresa Plansul, mas foi “devolvida” depois da denúncia do esquema de recrutamento ilegal.
O diretor da Polícia Legislativa do Senado informou que Mônica e Kátia não apresentaram documentos comprovando os trabalhos que realizavam no gabinete do senador nem registros da suposta dívida das estudantes. Segundo Carvalho, o dinheiro da conta salário de Kelly e Kelriany também era repassado para a mãe e para o irmão de Mônica, Nélia da Conceição Bicalho e Ricardo Luiz da Conceição Bicalho, comissionados que ainda estão na lista de funcionários de Efraim. “Colhemos a assinatura para fazer exame grafotécnico, mas elas disseram que não assinaram o ponto de Kelriany. Disseram também que elas tinham uma dívida, mas não apresentaram qualquer documento. Afirmaram que passavam dinheiro para a mãe e para o irmão.” Em mais de 10 páginas de depoimento, Mônica e Kátia afirmaram que realizavam “trabalho externo” para o gabinete do senador Efraim e que a prestação de contas do trabalho era “verbal”.
A polícia do Senado tem até 28 de junho para ouvir todos os envolvidos. Se até a data o inquérito não for concluído, será necessário solicitar mais tempo ao Ministério Público Federal, que pode decidir pelo encerramento da investigação, conceder mais prazo ou assumir o caso.
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Esses políticos deveriam passar a responder um processo rigoroso.
ResponderExcluirEsse tipo de coisa acontece sempre e eles numca sofrem nehum tipo de punição.
O Brasil precisa ser moralizado.