Processo de desertificação na PB pode ser revertido, diz pesquisador

Por: Alberto Simplício

Cerca de 55 municípios paraibanos, localizados nas regiões do Cariri e Seridó, possuem 66% de suas terras atingidas pelo processo de desertificação. Situação que pode ser combatida, ou pelo menos amenizada, se ações governamentais forem implantadas e se a forma de explorar o meio ambiente pelos moradores dessas regiões ocorrer de maneira sustentável. É o que acredita Gertjan Beekman, coordenador de Gestão Sustentável dos Recursos Naturais e do Meio Ambiente do Instituto Internacional de Cooperação para a Agricultura (IICA). Ele é um dos organizadores do encontro que começou ontem, se estende até sábado no Garden Hotel, em Campina Grande, e que serve de preparação para o 1° Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificação, a ser realizado de 3 a 5 de março em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE).
De acordo com Beekman, é preciso um esforço concentrado para barrar os problemas desencadeados pela desertificação, que atingem, sobretudo, as regiões semiáridas e que isso só terá êxito caso os objetivos estipulados no “Pacto pelo Desenvolvimento Sustentável do Semiárido”, que prevê metas para o controle da desertificação, sejam respeitadas. “Precisamos estabelecer metas, para que, na prática, possamos atingir os resultados esperados. Se não tiver a ação dos poderes públicos e econômicos do país nesse projeto de sustentabilidade da região, muitos locais estão condenados a desaparecerem”, alertou. Para o pesquisador, é preciso identificar mais precisamente as regiões atingidas, para traçar planos de ação e dar a devida utilidade a cada localidade, em particular. Ele cita o exemplo do município de Gilbués, no Piauí, região desértica estudada há mais de 30 anos por pesquisadores, que conseguiram realizar um trabalho de recuperação de algumas áreas, hoje utilizadas para a agricultura. “Isso mostra que é possível combater a desertificação, basta que haja interesse e investimentos”, acredita Beekman.
No evento de preparação para o 1° Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificação, representantes de todos os Estados atingidos por esse problema, órgãos dos governos estadual e federal ligados ao meio ambiente e pesquisadores da temática se reúnem durante os quatro dias para discutir as estratégias a serem traçadas e os planos de enfrentamento do problema nas regiões afetadas. “Depois de termos realizado várias reuniões preparatórias em outros Estados, queremos sair daqui de Campina Grande com uma proposta concreta de enfrentamento desses problemas e com a definição de metas a serem incluídas no grande projeto do Pacto pelo Desenvolvimento Sustentável do Semiárido”, disse o coordenador de Gestão Sustentável dos Recursos Naturais e do Meio Ambiente do IICA. A expectativa é de que 300 pessoas participem do encontro em Campina Grande.